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O Ocidente precisará de um novo trio Reagan-Thatcher-João Paulo II para superar as crises atuais

Desafios econômicos, políticos e espirituais atuais se assemelham muito com o ambiente enfrentado por Reagan, Thatcher e João Paulo II nas décadas de 1970 e 1980.


O mundo ocidental vive um período de grande turbulência. Por um lado, as respostas de combate à pandemia criaram uma desorganização sem precedentes da economia global. Por outro lado, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia acelerou o processo de tensão geopolítica entre o Ocidente e o Oriente. Infelizmente, as crises se acumulam em um período em que o mundo ocidental não possui lideranças fortes e hábeis. A difícil conjuntura política que o Ocidente vive não é uma novidade. Na realidade, podemos traçar vários paralelos com os desafios vividos nas décadas de 1970 e 1980. O que nos falta para superar desafios semelhantes aos encontrados naquela época, são líderes que consigam restaurar a paz, a prosperidade e a espiritualidade do Ocidente. Precisamos encontrar novos Regans, Thatchers e João Paulo IIs.


No livro O Presidente, o Papa e a Primeira-Ministra, o jornalista John O’Sullivan apresenta a tese de como esses três líderes do mundo ocidental foram essenciais para superar as crises que desafiavam o mundo nas décadas de 1970 e 1980. Do ponto de vista econômico, o mudo vivia um período de estagflação. Após três décadas de expansão de políticas estatistas, iniciadas após o fim da Segunda Guerra Mundial, a economia mundial passou a se estagnar devido à redução da produtividade, elevado nível de endividamento e intervenções constantes dos governos nas relações econômicas. Ademais, as políticas de expansão monetária associadas a choques econômicos, como as crises do petróleo de 1973 e 1979, fizeram as taxas de inflação disparar.


Na geopolítica, a grande ameaça que se apresentava ao Ocidente vinha da União Soviética. As tensões acerca de um conflito nuclear e a expansão do comunismo na África, Ásia, Leste Europeu, e América Latina representavam grandes desafios a manutenção da hegemonia política e militar dos Estados Unidos.

Por fim, o Cristianismo também começava a enfrentar os desafios de uma crescente descrença na espiritualidade e nos princípios religiosos. As revoluções marxistas e pós-modernistas, que promoviam — e ainda promovem — uma revolução social e sexual, estavam gerando um aumento da descrença na fé cristã. Em última instância, o mundo ocidental vivia nas décadas de 1970 e 1980 crises em alguns dos seus mais importantes pilares civilizacionais: a economia de mercado, a teologia cristã e sua supremacia político-militar.


Apesar dos desafios hercúleos enfrentados pelo Ocidente em meados do século XX, Thatcher, Reagan e João Paulo II conseguiram revitalizar a sociedade ocidental. Thatcher, influenciada por economistas como Hayek e Friedman, enfrentou sindicatos e as políticas estatistas — dominantes na sociedade britânica no pós-guerra — permitindo a reestruturação das contas públicas do seu país, redução da inflação e aumento de produtividade da economia britânica. Com o sucesso de Thatcher, dezenas de países buscaram o caminho de liberalização econômica, assim, permitindo que a economia global atingisse o período de maior crescimento econômico da história nas décadas subsequentes.

Reagan também teve papel importante no avanço da agenda econômica pró-mercado, ao promover uma política de desregulamentação e desburocratização da economia americana. No entanto, seu maior feito foi expandir o poder político-militar dos Estados Unidos levando, essencialmente, a implosão do regime soviético.


João Paulo II foi ainda mais relevante que Reagan e Thatcher. O Papa pregou uma simples mensagem que conquistou milhões pessoas, inclusive os não católicos: o amor. John O’Sullivan destaca que as ações e palavras de João Paulo II for cruciais para livrar o Leste Europeu do regime comunista, desmantelar a Teologia da Libertação na América Latina e enfrentar as ideologias pós-modernistas: ele desmentiu o falso dilema entre justiça social e a salvação dos fiéis. Para João Paulo II, cada indivíduo deveria agir moralmente, conforme os preceitos da vida cristã, independentemente de sua condição social.

Hoje, os desafios são muito semelhantes aos encontrados nas décadas de 1970 e 1980. O intervencionismo econômico ganhou força especialmente durante a pandemia, o que trouxe grandes custos para a economia global. A política do “fique em casa, a economia a gente vê depois” levou ao aumento de endividamento dos setores público e privado, desorganizações das cadeias de produção, políticas de expansão monetária e a promoção de ineficiências econômicas. A guerra entre a Rússia e Ucrânia contribuiu para intensificar a crise global ao ocasionar um aumento expressivo no preço de alimentos e energia.


No âmbito da política internacional, países como Rússia, China, Irã e Coréia do Norte ameaçam cada vez mais a hegemonia política, militar e econômica do Ocidente. As tensões entre Oriente e Ocidente estão atingindo um patamar semelhante ao experimentado durante a Guerra Fria. Infelizmente, as grandes potências ocidentais demonstram cada vez mais sinais de fraqueza ao invés de força. A saída atabalhoada das tropas americanas do Afeganistão, o baixo gasto militar europeu, além de diversos erros estratégicos da política internacional ocidental, como a realização de acordos nucleares com o Irã, demonstra, cada vez mais, a debilidade dos políticos ocidentais em exprimir a força de suas nações.


A espiritualidade também está em queda. Enquanto os ideais religiosos, de misticismo e fé, caem em desuso, ganha cada vez mais espaço na sociedade o subjetivismo social, que enfatiza discussões de classe, gênero e raça. O crescimento do número de pessoas sem religião já é uma clara tendência no Ocidente. Nos EUA, de acordo com uma pesquisa realizada pela Eastern Illinois University, o número de pessoas que se denominam “sem religião” (23,1%) é superior aos de evangélicos (22,8%) e de católicos (23%). A mesma tendência é observada no Brasil. De acordo com o DataFolha, em São Paulo e no Rio de Janeiro, o número de jovens entre 16 e 24 anos sem religião supera o número de católicos e evangélicos na mesma faixa etária. Já na Europa Ocidental, de acordo com o Pew Research Center, menos de 20% da população participa de cultos religiosos.


Enfim, a sociedade vive um período de grandes desafios. Infelizmente, ainda não temos as lideranças com a capacidade necessária para revitalizar nossa sociedade e implementar políticas que liberalizem a economia, expandam a projeção de poder de seus países e revigorem a crença da população em preceitos morais e religiosos. Na Europa, as políticas ditas “progressistas” deixaram a região vulnerável ao regime russo. As bigornas da realidade voltaram a se impor. Com a crise energética, o discurso em prol de energia verde, por exemplo, ficou de lado. Agora usinas de carvão voltaram a ser reativadas. A “grande líder” Greta definitivamente não estava certa! Nos EUA, Joe Biden, possui um governo fraco e desorganizado. Sua própria imagem pessoal transmite fraqueza, visto sua visível debilidade física e cognitiva. No Vaticano, a situação também não inspira confiança. O Papa Francisco, com uma saúde cada vez mais debilitada, também não demonstra a capacidade de renovar a fé da sociedade no Cristianismo.


Diante deste cenário desafiador, caberá a cada um de nós conduzir pessoas capacitadas aos cargos de lideranças de nossas comunidades. Precisamos de líderes carismáticos, mas que não sejam demagogos. Precisamos de líderes prudentes e realistas, que não se corrompam com as tentações populistas. Precisamos de líderes corajosos, que digam a verdade e promovam aquilo que o Ocidente precisa para superar suas crises: a paz, a prosperidade e a espiritualidade.



Por João Victor da Silva

Graduado em economia e relações internacionais pela Boston Univeristy. Mestre em relações internacionais na University of Chicago

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